O sábio e a vaquinha

Contam que um velho sábio peregrino caminhava com seu discípulo pelas estepes da velha China. Por dias eles caminhavam sem encontrar o menor sinal de civilização, nenhum rio ou qualquer vegetação de onde pudessem tirar alimentos. Muito ao longe, tiveram a impressão de avistar um pequena casa e passaram a seguir naquela direção. Chegaram a uma cabana de madeira, pararam e calmamente começaram a bater com as palmas das mãos na esperança de serem atendidos. Logo um velho senhor apareceu. Sua pele era queimada e muito curtida pelo sol. As mãos pareciam fortes como as mãos de alguém que preenchia seus dias inteiros com trabalhos pesados. Ao seu lado, timidamente surgiu um menino que espiava curioso. Os visitantes foram convidados a entrar. Lavaram-se em uma bacia com limitada quantidade de água. Receberam leite, chá e queijo enquanto conversavam com a dona da casa que aparecera para servi-los.Na manhã seguinte, enquanto preparavam-se para a partida, o velho sábio perguntou: "Há vários dias andamos por estas pradarias. Nada encontramos, nada vimos. Como podem, vocês, sobreviver por aqui?”. Serenamente o ancião explicou: “Ali atrás da casa temos uma vaquinha. Uma vez por semana, ando cerca de dez horas até um pequeno lago de água empossada da curta época das chuvas. No lombo da vaca consigo trazer vários galões de água. Com a água, nos lavamos e bebemos. Com o que sobra regamos a pequena vegetação da qual a vaca se alimenta e uma pequena moita de chá. Tiramos o leite e ainda o aproveitamos para fazer queijo. Desta maneira montamos nosso dia a dia”. Gratos, os andarilhos despediram-se a seguiram viagem. Passadas algumas horas, o sábio peregrino pára e diz ao seu aprendiz: "Volte àquela casa, sem ser visto, pegue a vaquinha e traga ela para cá". Sentindo-se desnorteado ao duvidar pela primeira vez da índole de seu mestre, o jovem obedeceu. No dia seguinte encontraram alguns viajantes, aos quais o velho presenteou com a vaca. O seu aprendiz nada compreendeu. Alguns anos depois o jovem aprendiz tornara-se um peregrino solitário. No meio de seu caminhar reconheceu a região pela qual, há muitos anos, passara com seu mestre. Após alguns dias avistou o que pareceu ser uma pequena vila. Ao chegar lá, viu uma venda onde alguns viajantes comiam e bebiam. Sentou-se a uma das mesas e pediu uma bebida. Entretido com seu lanche, pensou o que teria acontecido com aquela família da qual havia roubado a vaquinha. Certamente haviam morrido todos, sem alimentos e sem água. Sentiu-se mal com o que fizera e cambaleou com uma rápida tontura. A moça que servia a mesa aproximou-se rapidamente e perguntou se estava tudo bem. O peregrino respondeu que sim e disse:"Apenas me lembrei que neste local vivia uma família muito simpática e bondosa. Dividiram comigo o pouco que tinham para se alimentar. Penso o que terá acontecido com eles". A moça sorriu e encaminhou o visitante até uma bela casa e explicou: “Aqui é a sede desta fazenda na qual o senhor está. Por favor, entre e aguarde”. O homem aguardou em uma grande sala até que um senhor veio de um dos quartos. Espantado, o andarilho reconheceu o senhor que o recebera em sua pequena casa muitos anos antes. Cumprimentaram-se com alegria e o jovem perguntou: " O que aconteceu?!" O velho senhor contou a história: "Logo após sua partida, nossa querida vaca desapareceu misteriosamente. Certos de que não poderíamos viver e buscar água sem ela, começamos a pensar em outras alternativas. Cavamos em vários locais até que encontramos uma nascente subterrânea nas proximidades de nossa casa. Com isto tínhamos água à vontade. Irrigamos a terra e logo tínhamos muitas moitas de chá. Um mercador passou e ofereceu sementes de alguns vegetais em troca de um pouco de chá. Aceitamos e plantamos todos. Os viajantes passaram a saber que aqui tínhamos água e vinham sempre para cá durante suas jornadas. Trocando alimento e chá por outras coisas acabamos por montar uma bonita horta, uma estalagem e um pequeno restaurante. Temos vinte cabeças de gado e toda a minha família veio da cidade para trabalhar conosco”. O jovem sorriu aliviado. Não apenas tirara de seus ombros o peso por ter roubado a vaca, mas entendera, enfim, a última grande lição de seu mestre. Quando acreditamos que todos os nossos problemas estão resolvidos acabamos por nos acomodar. O que nos parece a solução, pode ser o fim de nosso crescimento. Extraido de reflexaoshistorias.blogspot.com.br

Três perguntas

Um rei se apercebeu que se soubesse a hora certa de agir, quem eram as pessoas mais necessárias e o mais importante a ser feito, nunca falharia no que fizesse. Procurou um homem sábio para se aconselhar. Vestiu roupas simples, e antes de chegar ao destino, apeou do cavalo, deixou seus guarda-costas para trás e foi sozinho. O sábio estava cavando o chão em frente à sua cabana. O rei chegou e falou: "Vim aqui porque preciso que me responda três perguntas: como posso aprender a fazer o que é certo na hora certa? Quem são as pessoas às quais devo prestar maior atenção? Quais os assuntos aos quais devo conceder prioridade?" O sábio não respondeu e continuou a cavar. Estava fraco e inspirava profundamente, a cada golpe. O rei se ofereceu para cavar em seu lugar e preparou duas extensas sementeiras. Sem receber nenhuma resposta às suas perguntas, quase ao final da tarde, disse: "Vim até aqui para obter respostas. Se não pode me dar nenhuma, então me diga que vou embora." Nisso, um homem barbado saiu correndo da floresta. Estava ferido e caiu desmaiado, gemendo baixinho. O rei e o sábio o socorreram. Havia uma grande ferida em seu corpo. O rei a lavou e a cobriu com seu lenço e uma toalha do sábio. O sangue continuou a jorrar. Muitas vezes o rei lavou e cobriu a ferida. Finalmente, a hemorragia parou. O homem foi levado para a cama e adormeceu. A noite chegou. O rei sentou-se na entrada da cabana e, cansado, adormeceu. Ao despertar pela manhã, demorou um pouco para se dar conta de onde estava. Voltou-se para dentro. O homem ferido o olhou e lhe pediu perdão. "Não tenho nada para lhe perdoar", disse o rei. "nem o conheço." "Mas eu o conheço. O senhor prendeu meu irmão e jurei acabar com sua vida. Quando soube que o senhor vinha para cá, também vim. Esperei na floresta para matá-lo pelas costas. Mas o senhor não voltou. Saí de minha emboscada e seus guarda-costas me viram. Foram eles que me feriram. Fugi deles. Teria sangrado até a morte se não me tivesse socorrido. Majestade! Se eu sobreviver, serei o mais fervoroso de seus servos." O rei ficou satisfeito por ter conseguido a paz com seu inimigo tão facilmente. Disse que mandaria seu médico para o atender. Levantou-se e procurou o sábio que estava agachado, plantando nas sementeiras cavadas no dia anterior. "Então, vai responder às minhas perguntas?" Erguendo os olhos, o sábio lhe respondeu: "O senhor já tem todas as suas respostas." E ante a indagação da real figura, explicou: "Se sua majestade não tivesse ficado condoída da minha fraqueza ontem e cavado essas sementeiras para mim, indo embora, teria sido atacado por aquele homem. Teria assim se arrependido de não ter permanecido comigo. Por isso a hora mais importante foi quando cavava as sementeiras. Eu era o homem mais importante. Fazer-me o favor foi o mais importante. Depois, quando o quase assassino chegou correndo, a hora mais importante foi quando cuidava dele. Se não tivesse cuidado da sua ferida, ele teria morrido sem estar em paz consigo. Por isso, ele era o homem mais importante. O que foi feito por ele foi o mais importante. Então, só existe um momento importante, o agora. O homem mais necessário é aquele com quem você está, pois ninguém sabe se vai tornar a lidar com outro alguém. O assunto mais importante é fazer o bem para esse com quem se está, pois esse é o grande propósito da vida. ............... A hora de agir é agora. O local onde você está é o mais ajustado e as pessoas que estão com você as ideais para a sua vida e o seu crescimento. Extraido de http://reflexaoshistorias.blogspot.com.br/

TERIA CORAGEM DE NÃO AMÁ-LO?

Pr. Alejandro Bullón "Anos atrás, na faculdade onde estudei, fui testemunha de uma bonita história de amor. Um dos rapazes mais feios do seminário casou-se com uma das moças mais lindas. Ela era uma das moças que chegaram naquele ano. Os rapazes mais charmosos, mais bonitos, mais espertos e comunicativos foram desfilando um a um tentando conquistá-la, sem sucesso. Um dia um colega procurou-me e disse: - Estou com problemas. - O que foi? - Estou amando. - Parabéns! Isso é fabuloso, isso não é um problema. - Espere um minuto - disse ele - estou falando daquela garota. Cortei o sorriso e murmurei: - Bom, nesse caso, acho que é um problema. Você sabe, os rapazes mais charmosos e bonitos do colégio nada conseguiram. Você acha que ela vai olhar para você? - Eu sei - disse o rapaz triste - eu sei disso, mas o que posso fazer se eu a amo? Os meses foram passando e o amor foi crescendo em silêncio no coração do rapaz. Na metade do ano, de repente, correram boatos de que ela abandonaria a faculdade porque não conseguia pagar as mensalidades. O nosso amigo apresentou-se ao gerente da Universidade e ofereceu-se para pagar as contas da moça com o estipêndio que ele tinha ganhado vendendo livros. Naturalmente, isto significava para ele a perda de um ano de estudos. O gerente tentou dissuadi-lo da idéia. Mas não conseguiu. "O dinheiro é meu e eu quero pagar as contas dela. E por favor, não gostaria que ela ficasse sabendo quem pagou." Assim ele abandonou o colégio naquele ano para vender mais livros e continuar estudando no ano seguinte. Alguns meses depois recebi dele uma carta comovente: - Você diz que não vale a pena o sacrifício que estou fazendo, que ela nunca olhará para mim, o que você não sabe é que eu a amo e não posso permitir que ela perca um ano de estudos. Eu a amo. Não importa se ela nunca olhará para mim. Eu sou feliz fazendo isto por ela. No ano seguinte ele retornou à faculdade. Seu amor estava mais maduro. Tinha certeza do que sentia e um dia criou coragem e falou com ela. Abriu o coração e declarou seus sentimentos. Foi um momento triste. Ela não só recusou a proposta como o tratou mal. Alguém procurou a moça e disse para ela: - Olha, você tem o direito de dizer não, mas podia ter sido mais delicada com ele. Não precisava magoá-lo. É verdade que ele é um garoto simples, quase insignificante, sem qualquer atributo físico, inexpressivo, mas ele ama você de tal modo que no ano passado perdeu um ano de estudos para que você não precisasse abandonar a faculdade, e tudo isso sem querer que você soubesse, sem esperar nada, apenas porque ama você". A moça ficou chocada. Chorou. Perguntou ao gerente se era verdade e, ao ter a confirmação de tudo, sentiu-se ferida e humilhada. Meses depois o rapaz anunciou: - Estou namorando ela. Todo mundo começou a pensar: "É por pena", "por compaixão". Mas um dia ela disse uma coisa muito bonita: - Quando descobri o que ele tinha feito por mim, senti-me magoada, chateada, ofendida. Mas a medida que o tempo foi passando, comecei a pensar com mais calma e perguntei pra mim: "Será que neste mundo poderei achar um rapaz que me ame tanto, a ponto de sacrificar, em silêncio, um ano de seus estudos sem esperar nada, sem querer nem mesmo que eu soubesse do sacrifício que ele estava fazendo?" Aí cheguei a uma conclusão: "Como teria coragem de não amar alguém que me ama tanto?" Essa frase merece ser emoldurada em ouro: "Como teria coragem de não amar alguém que me ama tanto?" Observe isso que a Bíblia diz: "Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniqüidades: o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho: mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos. Ele foi oprimido, mas não abriu a sua boca: como um cordeiro foi levado ao matadouro, e, como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a sua boca" (Isaías 53: 4-7). Quando Isaías registrou estas palavras, parece que ele duvidava que as pessoas entendessem a profundidade do amor de Deus. Por isso começa o capítulo 53 perguntando: "Quem deu crédito a nossa pregação?" O que realmente aconteceu na cruz do Calvário? Por que Jesus, o Rei do Universo, aceitou pacientemente ser levado como uma ovelha ao matadouro? Que mistério é esse? No dia em que compreendermos o que realmente aconteceu naquela tarde que o Senhor Jesus morreu na cruz do Calvário, sem dúvida, também perguntaremos: como teria coragem de não amar alguém que me ama tanto? Mas o que aconteceu lá? Voltemos nossos olhos ao Jardim do Éden. Quando criou o ser humano, Deus deu-lhe uma ordem: "...De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás" (Gênesis 2:16 e 17). Nesta ordem estava envolvido o princípio de retribuição. Noutras palavras, a obediência merece a vida e a desobediência merece a morte. O homem pecou. Todos nós pecamos e em conseqüência, a nossa recompensa devia ser a morte. Tínhamos que morrer. "Porque o salário do pecado é a morte..." (Romanos 6:23). Mas acontece que o ser humano não quer morrer. Ele pede perdão. "Pai, perdoa-me" - ele clama. Sabe o que ele está querendo dizer? "Pai, eu pequei, mereço morrer, mas por favor, não quero morrer". Esta súplica do homem cria um conflito para Deus porque Ele é Deus e Sua palavra não muda. Se o homem pecou, tem que morrer, mas Deus ama o ser humano, não quer permitir que o homem morra. O que fazer? Se existiu pecado tem que existir morte, "Sem derramamento de sangue não há remissão". O homem não quer morrer, então alguém tem que morrer. Alguém tem que pagar o preço do pecado no lugar do ser humano. É aí que aparece a figura majestosa do Filho. Ele diz: "Pai, o homem merece a morte porque pecou, mas antes de cumprir a sentença quero ir a Terra como homem e viver como ele; quero assumir sua natureza, experimentar seus conflitos, suas tristezas, suas alegrias e tentações". Foi por isso que Cristo veio a este mundo, como uma criança. Ele não apenas parecia homem. Ele era um homem de verdade. Como você e eu. Teve as mesmas lutas que você tem, sentiu-Se às vezes sozinho e incompreendido como você. Experimentou suas tentações e é por isso, e não simplesmente porque é Deus, que Ele está mais pronto a amá-lo e compreendê-lo do que a julgá-lo e condená-lo. O Senhor Jesus viveu neste mundo 33 anos. A Bíblia diz que: "... em tudo foi tentado, mas sem pecado" (Hebreus 4:15). Ora, se Ele viveu neste mundo como homem, e como homem foi tentado e não pecou, pelo princípio de retribuição Ele merece a vida. Agora vamos imaginar um diálogo entre Cristo e Seu Pai. - Pai - disse Cristo depois de ter vivido neste mundo - Eu vivi na Terra, como um ser humano e fui tentado em tudo mas não pequei. Como ser humano eu ganhei o direito à vida. O homem, pelo contrário, pecou e merece a morte. Agora, Pai, o princípio de retribuição não impede que haja uma troca. Sendo assim, a morte que o homem merece, quero morrê-la Eu e a vida que Eu mereço porque não pequei, quero oferecê-la ao homem. Foi isso o que aconteceu lá na cruz do Calvário. Uma troca de amor. Alguém morreu em nosso lugar. Alguém morreu para nos salvar. Uns dias antes da morte de Cristo, a polícia de Jerusalém prendeu um marginal chamado Barrabás. O delinqüente foi julgado e condenado à pena de morte. Devia ser cravado numa cruz. Esta era uma morte cruel. Ninguém morre por causa de feridas nas mãos e nos pés. A morte por crucificação é lenta e cruel. O sangue vai se acabando gota a gota. Às vezes o marginal ficava cravado vários dias. O sol de dia e o frio a noite, a fome, a sede e a perda paulatina de sangue iam acabando pouco a pouco com sua vida. Depois do julgamento e da condenação de Barrabás, as autoridades chamaram um carpinteiro para preparar a cruz que seria dele. Ali estava o delinqüente e ali estava sua cruz, preparada especialmente para ele, com suas medidas, com seu nome. Mas naquele dia os judeus prenderam Jesus. Ele também foi julgado e condenado. A história conta que um homem chamado Pilatos, tentando defendê-lo, apresentou perante o povo Cristo e Barrabás e disse: "...Qual quereis que vos solte? Barrabás ou Jesus, chamado Cristo? ... E eles disseram: Barrabás. Disse-lhes Pilatos: Que farei então com Jesus, chamado Cristo? Disseram-lhe todos: Seja crucificado" (Mateus 27:17, 21 e 22). Acho que se alguém entendeu alguma vez na plenitude do sentido a expressão, "Cristo morreu em meu lugar", foi Barrabás. Ele não podia acreditar. Talvez beliscasse sua pele para saber se realmente estava acordado. Ele, o marginal, o homem mau, estava livre. E aquele Jesus, manso e simples, que só viveu semeando amor, devolvendo saúde aos doentes e vida aos mortos estava ali para morrer em seu lugar. Eu imagino que Barrabás pensou: "Eu nunca terei palavras para agradecer a Cristo por ter aparecido. Se Ele não tivesse vindo, eu estaria condenado irremediavelmente". Já não havia mais tempo para chamar o carpinteiro e preparar uma cruz para Cristo. Além do mais, ali havia uma cruz vaga, apesar de ter as medidas de outro, o nome de outro, e de ter sido preparada para outro... Naquela tarde, meu amigo, quando Cristo subiu o monte do Calvário carregando uma pesada cruz - eu gostaria que você entendesse bem isto - aquela tarde triste, Jesus estava carregando uma cruz alheia, porque nunca ninguém preparou uma cruz para Cristo. Sabe por quê? Simplesmente porque Ele não merecia uma cruz. Aquela tarde Cristo estava carregando minha cruz. Era eu quem merecia morrer, mas Ele me amou, me amou tanto que decidiu morrer em meu lugar e assim me oferecer o direito à vida. Finalmente os homens chegaram lá no topo da montanha. Deitaram a cruz no chão e com enormes pregos atravessaram as mãos e os pés de Jesus. A cruz foi levantada e com o peso do corpo Suas carnes se rasgaram. Um soldado tinha lhe colocado na fronte uma coroa de espinhos. O sangue escorria lentamente pelo rosto. Um outro soldado lhe feriu o lado com uma lança. Ali estava o Deus-homem morrendo por amor. O sol ocultou seu rosto para não ver a miséria dos homens, o Céu chorou numa torrente de chuva. Até as aves dos céus e as bestas do campo corriam de um lado para outro sentindo em sua irracionalidade que alguma coisa estranha estava acontecendo. Só o homem, a mais bela e inteligente das criaturas, parecia ignorar que naquele instante seu destino eterno estava em jogo. Horas depois, quando os judeus voltaram para casa, lá naquela montanha solitária, em meio a dois ladrões, pendia agonizante o maravilhoso Jesus, que estava entregando Sua vida pela humanidade. Alguma vez você se deteve a pensar no significado daquele ato de amor? Não foi um louco suicida que morreu na cruz. Não foi um revolucionário social que pagou por sua ousadia. Era um Deus feito homem e como homem tinha medo de morrer. Possuía o instinto de conservação. Ele tinha tanto medo de morrer que, na noite anterior, no Getsêmani, disse a Seu Pai: "... Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres" (Mateus 26:39). E eu tenho certeza que Deus disse: - Ainda está em tempo de voltar atrás, Meu Filho. A vida de toda a humanidade estava em Suas mãos. Ele tinha medo de morrer, mas Seu amor era maior do que o medo, maior do que a vida. Como abandonar o homem no mundo de desespero e de morte? É isso que talvez eu nunca consiga entender: "Por que Ele me amou tanto? Você entende o significado de sua vida?" Você é a coisa mais importante que Cristo tem. Ele o ama de tal maneira que mesmo tendo medo da morte, aceitou-a para vê-lo feliz. Não apenas para vê-lo tornar-se membro de uma igreja, mas para vê-lo realizado e feliz. O homem pecou e merece morrer. Mas diz a Deus: - Pai, perdoa-me. Em outras palavras: - Eu não quero morrer. - Filho, Eu não posso mudar uma lei: "O salário do pecado é a morte". Não tem outra saída - disse Deus. - Pai, perdoa-me, por favor, perdoa-me - continua clamando o homem em seu desespero. O Pastor H. M. S. Richards conta uma pequena história de quando era garoto. Ele diz que gostava de pular a cerca e colher as maçãs do vizinho. Um dia a mãe o chamou e mostrando-lhe uma vara verde, disse: - Você está vendo esta vara verde? - Sim, mãe. - Se você colher mais uma maçã do vizinho, vou castigá-lo cinco vezes com esta vara, entendeu? - Sim, mãe. Os dias passaram. As maçãs estavam cada dia mais vermelhas e o menino não conseguiu resistir à tentação. Pulou a cerca e comeu maçãs até ficar satisfeito. O que ele não podia esperar era que ao voltar para casa a mãe estivesse esperando-o com a vara verde na mão. Tremeu. Sabia o que iria acontecer. Quase sem pensar suplicou: - Mãe, me perdoe. - Não, filho - disse a mãe - eu fiz uma promessa e terei que cumpri-la. - Mãe, por favor, eu prometo que nunca mais tornarei a fazer isso. - Não posso filho, você terá que receber o castigo. - Por favor mãe, por favor - continuou suplicando com olhos lacrimejantes. Que mãe pode ficar insensível vendo o filho amado suplicando perdão? Ela tomou entre as suas, as mãos do filho e perguntou: - Você não quer receber o castigo? - Não, mãe. - Então, só existe uma saída meu filho. - Qual é? A mãe estendeu a vara para ele e disse: - Segura a vara meu filho. Em lugar de eu castigar você com esta vara você vai me castigar. O castigo tem que se cumprir, porque a falta existiu. Você não quer receber o castigo, mas eu o amo tanto que estou disposta a receber o castigo por você. "Até aquele momento eu tinha chorado com os olhos - contou Richards - naquele momento eu comecei a chorar com o coração. Como teria coragem de bater na minha mãe por um erro que eu havia cometido?" Você entendeu a mensagem? É isso que acontece entre Deus e nós quando, depois de pecar, suplicamos perdão. Ele olha com amor para nós e diz: - Filho, você pecou e merece a morte, mas você não quer morrer. Então, só resta uma saída, Meu filho. - Qual é? - perguntamos ansiosos. - Em lugar de você morrer pelo pecado que cometeu, estou disposto a sofrer a conseqüência de seu erro - responde Ele com sua voz mansa. Richards não teve coragem de castigar sua mãe por um erro que ele tinha cometido. Mas nós tivemos coragem de crucificar o Senhor Jesus na cruz do Calvário. Continuamos crucificando-O cada dia com as nossas atitudes. E Ele não diz nada. Como um cordeiro é levado ao matadouro e como ovelha muda diante dos Seus tosquiadores, não abre a boca, não reclama, não exige direitos, não pensa em justiça. Apenas morre, morre lentamente consumido pelas chamas de um amor misterioso, incompreensível, infinito. Não, eu nunca terei palavras para agradecer o que Ele fez por mim. Eu nunca poderei entender a plenitude de Seu amor por mim. Mas ao levantar os olhos para a montanha solitária e ver pendurado na cruz um Deus de amor, meu coração se enternece e exclamo como a garota da faculdade: "Como teria coragem de não amar alguém que me ama tanto?" E quanto a você? Correrá aos braços de Jesus dizendo: "Senhor, porque me amas tanto? Estou aqui e Te entrego a minha vida, ou o que resta dela. Te entrego meu coração manchado de egoísmo. Toma-o, Senhor, e transforma-o."